No Brasil, a Política Nacional de Atenção Integral a Saúde do Homem (PNAISH), aponta que o suicídio é a quarta causa de óbitos do sexo masculino ocasionado por causas externas, sendo esse 7,4%. Como estamos no Setembro Amarelo, gostaríamos de apresentar os resultados de um estudo chamado “Motivos da tentativa de suicídio expressos por homens usuários de álcool e outras drogas” feito pela Revista Gaúcha de Enfermagem.
As drogas fazem parte das práticas humanas desde muitos anos. Era usado em rituais religiosos, curas, fins terapêuticos e proporcionar “prazer”. Os principais a adquirirem esse hábito foram os homens e este ainda é transmitido pela herança social para as crianças que nascem e crescem dentro deste grupo.
O uso do álcool é algo estimulado pelas pessoas, principalmente aos meninos, desde o final da infância e isso implica no uso precoce desse tipo de bebida. Esta, por sua vez, fez parte de um depoimento de um dos homens inclusos na pesquisa:
“Eu comecei com onze pra doze anos. A minha infância e adolescência foi jogada no álcool e na droga. Só que meus pais não percebiam. Eu era mais forte, mais resistente quando mais novo. Foram descobrir que eu usava droga quando tinha dezessete anos. […] Entrei em conflito com muita coisa: casei, me separei e me atirei mais no álcool. As várias tentativas é por pensar: ou eu tiro a minha vida ou eu tento tirar a vida dos outros. Então, é melhor tirar a minha vida. (H3)”
Além disso, é destacado que as relações sociais problemáticas unidas ao uso de álcool e outras drogas também são um fator relevante. Quando os dois fatores se unem, os homens costumam externalizar seu sofrimento psíquico por meio do suicídio.
Muitos dos homens se sentiam angustiados e culpados após a ingestão de álcool e uso de outras drogas pois eles sabiam que não estavam mais em si e poderiam cometer algum erro com qualquer pessoa. Como forma de tentar se segurar, eles praticavam a autoagressão ou suicídio. Como exemplo, temos o seguinte depoimento apresentado no estudo:
“Eu sou um cara reservado. Eu vou vendo as coisas erradas e fico para mim, não desabafo com ninguém. Naquela ocasião, eu tinha ingerido álcool. A primeira coisa que veio pra mim: não agredir a minha família, não agredir ninguém, não bater na minha esposa. Eu tentei me suicidar.[…] É através da bebida, através do álcool mesmo, se não botar álcool na boca, eu fico quieto, fico quieto mesmo. (H6)”.
Um estudo feito no Estado do Ceará com pessoas que tentaram suicídio aponta que o consumo de drogas foi um aspecto decisivo na construção do pensamento suicida dos entrevistados. Infelizmente, as drogas têm muito efeito sobre o comportamento humano e esse é um fator que deve ser analisado como um importante componente social na escolha de se matar.
Essas substâncias causam o desejo extremo de consumí-las e, em meio a sua falta, é comum que a pessoa passe por uma ânsia extrema esperando o consumo, isso é chamado de fissura ou craving. Esse é outro motivo pelo qual os homens acabavam tentando suicídio. Eles tentavam adquirir a droga de alguma forma e, quando percebiam que não era posível, faziam a tentativa.
“[…] Foi no momento que eu tava bebendo, a bebida fica forte e a gente já começa a ficar tonto. Eu fui usar crack, fumar pedra. Comecei a fumar uma, duas, três e já tava acabando e quando vi não tinha dinheiro e fiquei batendo cabeça pra ver o que eu ia fazer pra arrumar dinheiro e começou aquela ansiedade, nervosismo. Parece que a gente fica num tremelico só e aqueles pensamentos que vai e vem: faz isso, faz aquilo (H8).”
As drogas fizeram parte do cotidiano da vida de muitos homens pelo mundo desde a infância. Todos os fatores de drogas apresentados acima fazem parte dos motivos pelos quais os homens tentavam suicídio.
É importante entendermos como as drogas são perigosas e mudarmos nossa cultura de romantização das drogas para as crianças. Elas causam muitas mortes e muitos problemas de saúde e isso é algo que deve ser observado e alterado.
A Clínica Jequitibá
Sabemos por experiência pessoal que combater o vício em drogas e o alcoolismo por conta própria pode ser um processo muito difícil, mas juntos sempre há esperança.
Os profissionais de saúde mental estimam que aproximadamente 2 em cada 10 usuarios se recuperam da doença do vício. A Clínica Jequitibá está comprometida em alcançar melhores resultados aplicando práticas baseadas em evidências para o tratamento de usuarios em álcool e outras drogas.
Na Clínica Jequitibá, o tratamento da dependência de pacientes internados é integrado aos cuidados de saúde mental porque na maioria das vezes a dependência vem com fatores complicadores, como depressão, ansiedade ou trauma, também conhecidos como distúrbios concomitantes.
Nossos serviços são prestados por psiquiatras, psicólogos, terapeutas matrimoniais e familiares e outros profissionais de saúde mental. Os serviços podem incluir terapia individual ou em grupo, terapia familiar, avaliações diagnósticas ou gerenciamento de medicamentos. O tipo e a frequência do atendimento são determinados por suas avaliações iniciais e contínuas.
Fonte: Cetad Observa
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