Hoje, dia 10 de setembro, é considerado o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Portanto, neste artigo, abordaremos a perigosa relação entre suicídio e uso de drogas. Nossa intenção é mostrar para você como o terrível consumo de substâncias químicas pode funcionar como gatilho ao (também terrível) ato do suicídio, acarretando em sérias consequências.
A cada 40 segundos, uma pessoa comete suicídio no mundo. A informação, apresentada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), entidade vinculada às Nações Unidas, deixa claro a gravidade da questão.
O suicídio é a segunda causa mais frequente de morte entre pessoas de 15 a 29 anos no mundo e este é um problema grave de saúde pública e afeta profundamente todas as pessoas deixadas para trás.
Diversos são os fatores que levam uma pessoa a suicidar-se, mas aqui discutiremos a relação entre suicídio e uso de drogas.
Pesquisadores têm se dedicado a estudar essa ligação, a fim de provar como essas substâncias têm efeito ainda mais prejudicial sobre alguém com estado físico e mental já debilitado, como mostraremos a seguir.
Suicídio e uso de drogas: Relação Íntima
O uso de drogas é, por si só, um fator extremamente preocupante, pois traz seríssimos prejuízos. Já discutimos por aqui, inclusive, sobre as drogas depressoras e a sua influência no suicídio e depressão.
Um estudo feito pelo Serviço Nacional de Orientações e Informações sobre a Prevenção do Uso de Drogas constatou que o consumo de álcool, cocaína e crack está diretamente relacionado às tentativas de suicídio.
Segundo a entidade, o uso dessas substâncias agrava sintomas depressivos e intensifica a impulsividade.
Esta mesma conclusão foi apresentada por uma pesquisa da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre/RS, publicado na versão on-line da SMAD, a Revista Eletrônica Saúde Mental, Álcool e Drogas.
Ou seja: suicídio e uso de drogas têm uma relação íntima e muito perigosa.
Fator de risco para o suicídio
Tais pesquisas indicam que o abuso de drogas pode servir de gatilho para pessoas que já têm um comportamento suicida. É o que endossa o Dr. Carlos Aragão Neto, psicólogo clínico e membro da Associação Internacional para Prevenção do Suicídio.
Em entrevista à Super Rede Boa Vontade de Rádio (1.230 AM), ele explicou que as drogas podem ser encaradas como fatores predisponentes ou precipitantes.
“Fatores predisponentes para o suicídio são os que ocorrem ao longo da vida da pessoa e serão aspectos que contribuirão para o suicídio no futuro. Já o fator precipitante é como se fosse a gota d’água”, conceitua.
O psicólogo trouxe outros dados que confirmam as drogas como um fator de risco para o suicídio.
“Falando especificamente do alcoolismo: 7% a 15% das pessoas alcóolatras vão se suicidar. Uma outra estatística diz que 40% vão fazer pelo menos uma tentativa. É realmente um fator de risco para o comportamento suicida”, comentou.
Sinais de alerta da relação entre dependência química e suicídio
Você já sabe que o abuso de substâncias químicas está entre os fatores de risco para o desenvolvimento do comportamento suicida.
Nesse caso, a dependência pode funcionar de duas maneiras: Como uma prisão, que impede o dependente de escapar de um ciclo de desconforto ou como uma ilusão de alívio de outras condições aprisionadoras, tais como: depressão, transtorno bipolar, transtornos ligados à ansiedade e outros, como a esquizofrenia.
Infelizmente, na maioria das vezes essas doenças não são tratadas (ou são tratadas inadequadamente em clínicas inapropriadas).
Essa ligação entre suicídio e uso de drogas é somada a sintomas como:
- Mudanças de comportamento
- Isolamento
- Falta de planos para o futuro
- Depoimentos sobre o desejo de morrer ou em tom de despedida (inclusive nas redes sociais).
Quando estamos diante dessa preocupação, é útil avaliar, junto aos sintomas, alguns fatores de risco:
- Tentativa prévia
- Sofrimento psíquico e dificuldades em lidar com problemas
- Viver sozinho
- Histórico de suicídio na família
- Relacionamentos afetivos disfuncionais
- Sensação de abandono
- Perdas econômicas e de status social
- Violência no contexto familiar e agressão sexual
- Vulnerabilidade social.
ATENÇÃO: Quadros de súbita e inesperadas melhoras da depressão também devem ser observadas com atenção pelos familiares e pessoas mais próximas, porque a decisão de encerrar a própria vida pode ter sido tomada e isso seja apenas um disfarce. Ou seja, somente o diagnóstico médico de melhoramento da depressão deve ser considerado.
Evitar o evitável
Gostaríamos de salientar que o suicídio é o ato final de um doloroso processo, fruto de um estado psicológico afetado, principalmente, pelos distúrbios mentais.
Por isso, é preciso encarar a relação entre suicídio e uso de drogas com muita seriedade.
Uma pesquisa publicada pelo The Pharmaceutical Journal aponta que jovens com históricos de internações clínicas por conta de abuso de drogas têm cinco vezes mais chances de cometer suicídio no futuro.
Baseado em análises de registros de mais de um milhão de adolescentes ingleses de 10 a 19 anos, o estudo revelou também que pacientes internados alguma vez por automutilação são mais propensos a morrer, tanto por suicídio quanto pelo abuso de álcool e drogas.
Compartilhamos também os resultados de uma pesquisa feita pela Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (Uniad) da Unifesp, que analisou tentativas de suicídio atendidas em um pronto-socorro e sua correspondência com a dependência ou o abuso de substâncias durante um período de 12 meses.
Além do consumo de álcool antes da tentativa em 21% dos casos, o trabalho concluiu que a maconha e a cocaína também foram rastreadas em 7,5% das ocorrências.
As conclusões destes estudos e os apontamentos do dr. Aragão Neto reforçam que suicídio e uso de drogas merecem ser debatidos e combatidos.
O que deve ser feito após identificação dos sinais
Depois de aprender a identificar todos ou alguns dos sinais acima, é importante saber o que fazer diante de tal situação.
De acordo com a OMS, a abordagem preventiva deve ocorrer de duas formas:
- Restringindo o acesso a métodos comuns de suicídio (por exemplo: cordas, armas de fogo e contato com medicamentos em excesso);
- Oferecendo tratamento adequado para a dependência de álcool e drogas.
A importância da internação nos casos de pensamentos suicidas associados ao uso de substâncias químicas
Com relação à segunda medida citada no tópico anterior, lembre-se de que o tratamento da dependência química torna mais fácil o caminho para reencontrar elementos significativos para o dia a dia do adicto com ideação suicida.
Por conta disso, quando o pensamento suicida está associado à dependência química, a internação torna-se fundamental para um tratamento eficaz.
Neste processo, é importante que o adicto esteja aos cuidados de equipe médica e também de profissionais de áreas como a psicologia, a psiquiatria, a nutrição e a terapia ocupacional. Este envolvimento multidisciplinar deixará o tratamento mais completo e eficiente. É essencial levar isso em conta na hora de escolher uma clínica de reabilitação.
Dependendo da situação que esteja o seu ente querido, essa internação poderá ser voluntária, compulsória ou involuntária. Entretanto, independente de como ela proceda, o mais importante é evitar uma triste tragédia.
Lembre-se de que, na verdade, o adicto não quer magoar ninguém, pelo contrário, ele está buscando uma saída para uma dor ou um sofrimento que parece intolerável e infindável. Ninguém em sã consciência tem pensamentos suicidas, eles são frutos de uma doença. Por conta disso, devemos oferecer amor e apoio.
A Clínica Jequitibá é uma clínica de reabilitação muito bem preparada para casos como esse. Nós temos uma excelente e grande estrutura composta por áreas verdes, salões, piscina, academia, etc. Além disso, e de extrema importância, contamos com uma equipe multidisciplinar composta por profissionais da saúde mental e física. Nós prezamos pela sua vida, conte conosco para te ajudar! Você não está sozinho.
Como prevenir o suicídio e as drogas?
Ao entender o cenário, é preciso agir para derrubar estigmas e identificar os sinais de alerta. Essa é a melhor maneira de ajudar uma pessoa com pensamentos suicidas e evitar tragédias.
Como relatamos aqui, a dependência ou o abuso de álcool e outras drogas pode funcionar como catalisador para uma pessoa que alimenta ideias suicidas.
Por isso, o processo de tratamento conta com o imprescindível auxílio de profissionais de saúde e da família e pessoas próximas.
“Esse quadro precisa ser avaliado por um psiquiatra. Certamente, casos dessa natureza precisam de um trabalho multidisciplinar, mais especificamente da psicoterapia, e de uma rede de apoio, que envolve família e amigos, que pode dar um suporte para a pessoa que está passando pelo problema fora do consultório”, afirma o dr. Aragão Neto.
Sobre o papel da família na prevenção do suicídio e uso de drogas, o psicólogo é taxativo:
“Um ambiente familiar acolhedor, que respeita seus membros dentro de suas especificidades, sem dúvida alguma, é um fator de proteção para que isso não venha a acontecer no futuro”.
Papel da família na prevenção ao suicídio
A ajuda médica, nesse sentido, é fundamental para chegar antes e tratar dos quadros que podem trazer ainda mais complicações para a saúde e o bem-estar.
Contudo, a força e o amparo da família não devem ser esquecidos jamais.
“É muito importante que a família não banalize o sofrimento da pessoa, principalmente de crianças e adolescentes, com aquela história de que eles só querem chamar a atenção. Muitas vezes, quando temos esse tipo de ideia, perdemos uma chance de ajudar, negligenciamos um pedido de socorro”, adverte o membro da Associação Internacional para Prevenção do Suicídio.
Além disso, é nosso dever moral ajudar um ente querido ou amigo, a quem consideramos amá-lo.
“Por conhecer tão bem essas pessoas, devemos trabalhar no campo da prevenção. Estendamos a mão e socorramos a essa pessoa”, completa João Carlos de Carvalho, ministro-pregador da Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo.
Dr. Aragão Neto destaca ainda que, além do apoio e acolhimento, é papel da família ajudar o indivíduo a perceber a gravidade da doença e fazê-la entender a necessidade de se buscar apoio médico.
“Vemos pessoas que não estão bem em suas vidas, passam por dificuldades e, por preconceito ou inibição, não buscam ajuda. Isso pode se tornar uma questão insuportável”, finaliza.
VIVER É MELHOR!
Humor imprevisível, expectativa negativa em relação ao futuro, frases de alarme, consumo de álcool e outras drogas… Estes são indicativos de comportamento suicida.
Se você identifica esses sinais em algum ente querido ou amigo, não pense duas vezes e ajude!
Mostre que ele não está sozinho e pode contar com seu auxílio para superar esse desafio. Demostre amor e empatia por ele, procurando entender o que está acontecendo, sem fazer qualquer tipo de julgamento.
É preciso que se reforcem outros caminhos e perspectivas de vida, longe do pensamento suicida ou de qualquer tipo de droga, que agridem o corpo e diminuem nosso tempo de vida aqui na Terra.
Vale a pena viver. Diga não ao suicídio e uso de drogas!
Fontes: Casa Despertar e Boa Vontade
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