Quando a vida deixa de ser possibilidade
Setembro Amarelo
Mês de Prevenção ao Suicídio
As drogas podem servir de gatilho para pensamentos e comportamento suicida.
O suicídio, segunda causa principal de morte entre os jovens e adultos de meia idade no mundo inteiro, tornou-se uma prioridade de saúde pública para a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Anualmente, cerca de 1 milhão de pessoas tiram a própria vida, no mundo inteiro, em especial nos países de baixo e médio rendimento, que concentram 75% dos casos.
O Departamento de Psiquiatria da EPM/Unifesp realizou uma análise dos dados do II Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD), a fim de investigar a prevalência de comportamento suicida, bem como sua associação com o uso de substâncias ilícitas, em uma amostra populacional representativa de todas regiões do País.
Foram entrevistados 5.764 indivíduos, com mais de 14 anos de idade.
A análise demonstra não só que as prevalências de pensamento e tentativa de suicídio são significativamente maiores entre usuários de maconha, cocaína e, entre bebedores problemáticos, mas também identificou associações entre o consumo e pensamento e tentativa de suicídio.
Usuários destas substâncias apresentam maiores riscos que a população geral de ter pensamentos suicidas e tentar suicídio.
Tal associação ocorre independente do diagnóstico de depressão ou histórico familiar de suicídio.
Usuários de cocaína, por exemplo, atentam quatro vezes mais contra a própria vida do que a população em geral.
Já os usuários problemáticos de álcool têm duas vezes mais chances de pensar e tentar o suicídio, enquanto os usuários de maconha três vezes mais.
O suicídio é resultado da interação entre fatores biológicos, incluindo predisposição genética, com uma imensidade de variáveis ambientais e psicossociais.
Os dados mostram que o consumo de substâncias é um importante fator de risco para pensamentos e comportamento suicida, lembrando que comportamento suicida inclui o suicídio consumado e a tentativa de suicídio, enquanto os pensamentos e planos suicidas são chamados ideação suicida.
Quem comete suicídio ou pensa em se suicidar vivencia sentimentos de ambivalência, desamparo e perda do sentimento de pertencimento a um determinado grupo social ou sistema familiar.
Nem sempre a pessoa com a ideação suicida manifesta os sintomas de sofrimento.
Tem pessoas que seguem uma vida aparentemente “normal” e, por não conseguirem se expressar, podem estar vivenciando conflitos internos e ocultos.
Por outro lado, evidencia-se a importância de se estar alerta para as mudanças no comportamento, nas palavras e, no “barulho” do silêncio, pois às vezes a ausência de palavras diz mais do que seus ruídos.
Todo tipo de manifestação é importante, seja ela verbal ou não verbal.
Muitas se revelam como um pedido de socorro que urge antes do ato, tanto que o meio científico destaca a possibilidade de 90% dos casos de mortes por suicídio serem passíveis de prevenção.
Atualmente, muitos sentem que não há ninguém disponível para escutar o outro.
A educação das crianças, muitas vezes, está voltada para a competição e solução de problemas, acarretando um processo de individualização e distanciamento entre os laços sociais.
Na falta da palavra e dos sentimentos afetivos, os objetos de consumo se fazem presentes e a violência encontra um lugar no desamparo.
Como consequência, as pessoas podem ficar cada vez mais introvertidas e individualistas, implicando em uma série de problemas na vida adulta.
Além disso, há uma tendência das novas gerações em reagir de forma extrema às frustrações, o que pode explicar as crescentes taxas de autoextermínio ou autopunição, como nos casos da mutilação do corpo.
Diante dessa realidade, insistimos que existem meios de prevenir o suicídio e um deles é atentar para o que as pessoas estão querendo dizer com os gestos, escritas e sinais.
A comunicação pode acontecer de diversas formas e não podemos ignorá-la, pois quem avisa e fala que vai se suicidar uma hora pode passar ao ato.
Às vezes, as pessoas não dizem necessariamente que vão se suicidar, um simples questionamento da vida ou uma expressão de menos valia podem ser sinais de alerta.
A banalização da fala do outro é um dos pontos que mais impede o trabalho de prevenção.
Por isso, a Clínica Jequitibá ressalta a importância de falar desse assunto, assinalando as principais dificuldades e fazendo com que a vida seja sempre a única possibilidade!
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