A arte de ouvir é:
- A arte de se esvaziar para ouvir o que os outros têm para dizer, e não o que queremos ouvir.
- A capacidade de se colocar no lugar dos outros e perceber suas dores e necessidades sociais.
- Penetrar no coração psíquico e desvendar as causas da agressividade, da timidez, da angústia, dos comportamentos estranhos.
- Interpretar o que as palavras não disseram e o que as imagens não revelaram.
- Ter sensibilidade para respeitar as lágrimas visíveis e perceber as que nunca foram choradas.
A arte de dialogar é:
- A arte de falar de si mesmo.
- Trocar experiências de vida: reciclar a família moderna, que se tornou um grupo de estranhos próximos e, paradoxalmente, distantes.
- Ser transparente. Não simular os sentimentos e as intenções.
- Não ter vergonha das suas falhas nem medo dos seus fracassos.
- Respeitar os limites e os conflitos dos outros. Não dar respostas superficiais.
- Cruzar os mundos psíquicos, superar o cárcere da solidão e se posicionar apenas como ser humano, acima de status, poder, cultura e condição financeira.
A arte de ouvir e de dialogar são duas das mais nobres funções da inteligência. Elas são cultivadas no terreno da confiabilidade, da empatia e da liberdade. Onde há falta de confiança, muitas cobranças excessivas e controle social, essas duas preciosas artes da inteligência não sobrevivem.
As duas artes se complementam. Uma depende da outra. Quem não aprender a ouvir nunca saberá dialogar. Quem não aprender a falar de si mesmo nunca será um bom ouvinte.
Painel de debate
1. A arte de ouvir é a capacidade de ouvir sem preconceito. Quando você escuta alguém procura se colocar no lugar dele ou ouve o que quer ouvir?
2. A arte de dialogar é a arte de falar de si mesmo, trocar experiência de vida. Você tem medo de falar de si? Tem medo de ser criticado, julgado, incompreendido?
3. Como está seu relacionamento com seu parceiro ou parceira? Você tem sido um livro aberto para quem ama? Estão faltando elogios e sobrando críticas? Você tem feito pequenos gestos para encantar seu cônjuge?
4. Como está seu relacionamento com seus filhos? Você os critica muito? Tem cruzado sua história com as deles? Tem parado para ouvi-los, conhecer seus sonhos, seus temores, suas angústias? Eles o conhecem? Conhecem seus sucessos e fracassos, suas metas e lágrimas?
5. Existe alguma dor emocional ou conflito sobre o qual você gostaria de falar e não consegue?
Painel de exercícios diários
Faça um relatório dos seus exercícios durante a semana. O que praticou e qual foi o resultado?
1. Faça um relatório das características da ferramenta A arte de ouvir e a arte de dialogar, descritas no início deste capítulo, que você precisa desenvolver.
2. Faça um breve relatório de como está a qualidade do diálogo com esses seis grupos de pessoas mais próximas: pais, cônjuge, filhos, amigos, alunos, colegas de trabalho. Que nota você daria, de zero a 10, para cada grupo? Leve em consideração se vocês se conhecem interna- mente, se trocam experiências e a frequência do diálogo.
3. Desligue a TV e chame seus filhos, seu cônjuge ou alguém de quem você gosta para dialogar uma vez por semana. De vez em quando, saia apenas com um filho ou com seu cônjuge e dialogue aberta- mente com ele. A melhor maneira de levar as pessoas a se abrirem é deixar nosso heroísmo e contar a nossa história.
4. Surpreenda com pequenos gestos quem você ama. Perca o medo de chorar, de pedir desculpas, de dizer que ama, que precisa do outro.
5. Treine se colocar no lugar dos outros e compreender o que está por trás das suas reações, as causas de seus comportamentos. Ouça mais, julgue menos e entenda mais.
6. Seja espontâneo, livre e transparente. Não gravite em torno do que os outros pensam e falam sobre você.
Fonte: Livro “MENTE LIVRE E EMOÇÃO SAUDÁVEL”, Augusto Cury.
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